Fazer o Bem
Faz algum tempo que não escrevo e a necessidade de o fazer sempre vive fortemente dentro de meu coração, este é apenas um registro, mas que me remete a uma questão, pode ser que em algum momento, para alguém em algum lugar do planeta, um texto com palavras que se aproximam do momento em que o mesmo vivencia, o texto seja uma ajuda e se podemos ajudar, porque não o fazer?
Fazer o bem nos dias atuais parece ser algo que se torna cada vez mais difícil, não presenciamos ações de bondade tanto quanto deveríamos presenciar e acabamos por presenciar um aumento considerável de ações e fatos impulsionados por stress, ira, ódio, intolerância, falta de respeito e educação entre outros muitos motores que impulsionam tais ações.
O bem não deve ser feito por obrigação e sem verdade e deve causar introspecção, deve-se fazer o bem porque nos traz paz de espirito, satisfação, alegria, porque preenche nossos corações de maneira singular, fazer o bem por você, para se tornar uma pessoa melhor, mais evoluída, sem premiação, reconhecimento, destaque ou qualquer outro tipo de benefício que não sejam introspectivos.
Sir Nicholas Winton, um britânico que foi o responsável por organizar uma operação de resgate de 669 crianças em sua maioria judias na antiga Checoslováquia, antes delas serem deportadas para campos de concentração nazistas, tendo sidas transportadas em segurança até a Inglaterra e salvando-as da morte certa entre os anos de 1938 e 1939 antes do início da Segunda Guerra Mundial, disse a frase a seguir em uma entrevista veiculada em uma emissora de TV britânica – “Se algo não é obviamente impossível, então deve ter alguma maneira de fazer!” – Essa é a essência do bem, Sir Nicholas fez tudo isso simplesmente por fazer o bem, toda essa ação foi realizada no completo anonimato, durante décadas ele não revelou esse trabalho humanitário para ninguém, a história foi a público quando sua esposa, Greta, descobriu no sótão de sua casa uma pasta que continha a lista das crianças salvas e cartas para os pais delas no ano de 1988.
Obviamente que tamanho feito ao se tornar público trouxe ao seu autor reconhecimento e gratidão, mas o ato não foi impulsionado por eles, sabemos que nos piores momentos é que o homem revela o que existe de melhor e pior em seu ser, mas o que se evidencia é aquilo que estamos habituados a ser, aquilo que está mais evidente em nosso interior, aquilo que acreditamos ser o primordial em nós, independente do que o seja.
O sambista Arlindo Cruz em uma música de sua autoria cujo nome é “O Bem”, escreveu:
…O Bem é o verdadeiro amigo
É quem dá o abrigo
É quem estende a mão…
É quem estende a mão…
O bem é singular, sua essência foi muito bem traduzida neste trecho da letra da música citada, reside em pequenos momentos, em pequenas ações, em pequenas decisões da mesma maneira que em grandes momentos e ações, acredito que as pequenas demonstrações de bondade são as mais gratificantes pelo fato de que o resultado é sempre grandioso, você faz apenas um pouco e a gratidão é sempre gigantesca.
O bem modifica as pessoas que passam a disseminá-lo, modificando assim mais pessoas que o passam adiante e se torna uma corrente, assim como coisas ruins, sentimentos ruins, ações maldosas, cabe a nós escolhermos o que nos faz melhor de acordo com o que desejamos e acreditamos, sempre lembrando que o livre arbítrio nos assegura o direito da escolha, mas também o dever da responsabilidade sobre as consequências delas.
CaeGomes